SÉRIE GRANDES ATITUDES PARENTAIS Estimular atividade física é função dos pais! Mas cuidado: Pai Treinador, Filho Orfão!

Estou iniciando uma série de textos que nomeei GRANDES ATITUDES PARENTAIS.

Tenho, com essa série, o objetivo explícito de estimular pais e mães na busca das suas melhores ações para com seus filhos, de modo mais consciente, além de voluntário, é claro!

Escolhi como primeiro tema a atividade física na infancia.

Por princípio, por formação e principalmente por carinho com a infância, sou a maior incentivadora de pais que promovem,  acompanham e curtem seus filhos em atividades físicas, que futuramente poderão tornar-se atividades desportivas, promovendo a saúde e o desenvolvimento global da criança. No entanto, como sabemos, tudo o que é demais, pode ser tão nocivo como tudo o que é de menos.

Vamos lembrar o que são “crianças”: seres pequeninos, cheios de energia, essa que precisa ser gasta de forma canalizada, bem orientada pelos adultos que as cercam, em estímulos dos mais variados tipos, para o seu crescimento, desenvolvimento e aprendizado, saudáveis.

Pais que não estimulam seus filhos para atividades físicas, comumente, também são pessoas pouco ativas, seja por falta de tempo, pela vida corrida, seja por falta de interesse em algum hobbie ou esporte. Mas vale lembrar que se os pais não saem com seu filho para ele correr no  parque, pedalar sua bike na pracinha, soltar pipa naquele campo perto da casa dos avós, nadar na piscina do clube, o que vai sobrar para essa criança será a TV, o tablet, ou ainda, o joguinho repetitivo do seu celular, acompanhado de um saquinho de salgadinho e algum confeito de chocolate. Pena!

Já os pais que estimulam, costumam ser ligados em atividade física. Ponto positivo para esses! E quando entendem de algum esporte, ou o praticam com assiduidade, podem gerar um interesse especial do filho naquela modalidade. No entanto, é importante, que se busque o equilíbrio entre manter-se na postura de pai, aquele que ensina o jogo e suas regras e estimula seu filho à brincadeira, daquele que, eventualmente sem querer, se transforma no técnico do “tal esporte”, passando do limite de estimular, chegando ao ponto de cobrar e intimidar a criança, que deixa de ter com quem conversar a respeito de suas dúvidas, insatisfações ou até frustrações sobre aquela atividade.

 

Nesse final de semana vi uma cena (não rara), e que dessa vez pude acompanhar por um bom tempo: o pai entrou numa quadra de tênis com seu filho. Pareciam animados. O garoto devia ter seus 8 anos.  Começaram  a se aquecer,  trocando jogadas com a bolinha e o menino estava respondendo bem. Até que o pai começou a jogar para valer com o garoto, que errava algumas bolas, e a cada erro, uma nova instrução. Em seguida, notei que o pai começava a dar um treino mesmo, exigindo uma série de ações de consciência cognitiva e  controle motor que aquele menino certamente não tinha condições de corresponder. O pai foi se alterando e o garoto começou a choramingar. A brincadeira acabava ali.  Como para o pai, era treino, e não brincadeira, estava tudo certo! Ele nem conseguia notar a diferença de humor na criança que havia entrado alegre na quadra 20 minutos antes. Incansável, o treinador seguiu por mais uns 30 minutos  com orientações repetidas e broncas ríspidas, palavras  de pai desapontado, frustrando ainda mais o menino. Ao fim, o pai se irritou tanto, que quis ir embora, fechando aquela manhã de sol com a insatisfação de ambos os lados. Saíram da quadra um técnico irritado e sem a percepção da idade e maturidade de seu pequeno atleta, quer dizer: um técnico pouco qualificado. do outro lado,  saiu um menino que, normalmente, chegaria em casa e  procuraria o pai para desabafar sua frustração e  buscar encorajamento para um outro dia de aula ou treino. Porém, sem pai, a criança fica orfã dessa relação e possibilidade de acolhimento.

Pense comigo: se uma criança gosta de um esporte e o pratica com um professor ou técnico, de acordo com o nível da criança esportista, e conta com o apoio dos pais teremos aí um trio “pais – professor/técnico  – criança/atleta”. Todos os envolvidos terão com quem conversar ao longo do desenvolvimento do pequeno atleta. Pais podem perguntar ao técnico. Técnico pode orientar os pais. A criança pode falar suas dúvidas com o técnico como aluno ou atleta, e também pode desabafar com os pais, quando estiver fatigada ou desestimulada.  Agora, se tiramos a figura do profissional desse processo, o duo “pais e filho” pode perder muito: pais perdem o filho para ganhar um atleta. Até aí, podem achar que estão no lucro! Porém a maior perda estará acontecendo não só no presente, como no futuro dessa criança, que ficará “manca”, sem  os pais para o acolherem e cumprirem seu papel mais precioso e insubstituível: o papel de pais!

 

Comments

comments

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *