Descubra a diferença entre Não de Pai e Não de Mãe. Isso vai te esclarecer muitas coisas.

 

Uma questão que apareceu em algumas postagens foi “a dificuldade de dizer NÃO para a criança pequena, lidando com a birra dela, e perceber que os “NÃOS” de determinadas pessoas são mais eficazes do que outros”. Por que será?

Vamos ver:

O bebê tem uma identificação especial com a mãe. Isso é simples de compreender quando pensamos que essa é uma relação que vem desde a gestação, onde ambos, mãe e filho, funcionavam como um corpo único,  numa relação de interdependência.

Assim, ao nascer o bebê precisará de algum tempo para compreender que as coisas mudaram, e se dar conta de que ele é um individuo, separado da mãe.  Fisicamente, seu corpinho, logo vai funcionar independentemente do corpo da mãe. Mas seu sentimento ainda não…

Em virtude da longa e estreita ligação dessa dupla, especialmente quando ocorre a amamentação, o bebê permanece, por um bom período, naquela percepção de que a mãe é parte dele, como na relação fetal, e assim sendo, ela obedece aos seus desejos e corresponde às suas necessidades.

Não são incomuns situações de crianças pequenas, entre 1 e 2 anos, que ainda mamam no peito, solicitando a mãe, puxando sua blusa, buscando ansiosamente o seio que vai dar o que ela quer naquela hora que ela quer.  Refletindo sobre essa imagem, é possível compreender um pouco melhor a relação dominadora e autoritária com a mãe, pré-estabelecida pelo bebê. E diante de tamanha responsabilidade e intensidade em cuidados, além de amor, entender como a mãe pode  sentir-se refém dessa pessoa tão pequenina.

 

Já com o pai, a estória é completamente diferente!

Não há essa relação pregressa, como ocorre na gestação, então o vínculo e o relacionamento que se estabelecerão serão frutos de uma construção conjunta de pai, bebê… e mãe.

Sim, a mãe está nessa também pois ela precisará abrir mão de sua posse totalitária sobre o bebê, aprendendo a compartilhá-lo, entregando-o com confiança para o pai, para que esse possa cumprir o seu papel.

Se o pai e o bebê constroem uma relação, praticamente partindo do zero, onde ambos precisam buscar empatia para conseguirem estar juntos, dá para entender porque é mais fácil para o pai colocar limites, dizer não e manter o não dito, do que para mãe, literalmente envolvida até o ventre com esse bebê.

Tudo isso é normal! E que sirva de explicação ou até de inspiração para mãe e pai procurarem o melhor cumprimento de seus papeis. Mas que não sirva de desculpa para a mãe virar escrava do filho.

Começando a dizer “NÃO”!

A atividade educadora implica em repetir muitas coisas, muitas vezes para a mesma criança. Muitas coisas agradáveis como cantarolar a música que acalma na hora de dormir, fazer a brincadeira de tampar os olhinhos do bebê e em seguida destampar e dizer “achou!”,  cheirar o pezinho e fazer cara de chulé, contar “mindinho, seu vizinho…” Tudo isso, tão gostoso de fazer, repetidas vezes, funciona como estímulos para o melhor desenvolvimento do bebê e a alegria de todos. Porém, como nem só de fadas e libélulas vive o reino infantil, temos que lidar com outras coisas, como o “poço do fedor eterno”, quando trocamos uma fraldinha mais carregada, e a fase do “não” e “dos limites” (e essa última é bem longa!).

Para o bom, como para o nem tão bom, mãe e pai terão que repetir muitas coisas, diversas vezes.

Normalmente, no período entre 1 e 2 anos, quem tem a relação mais intensa e estreita com o bebê, por todas as razões que mencionamos, de modo geral, costuma ser a mãe. Assim, nessa relação por mais tempo do dia, com maior intensidade,  a mãe será a ganhadora de mais gracinhas, sorrisos e beijinhos.  Do mesmo modo, por intensidade, ela terá que dizer mais nãos, colocar limites, ser firme, especialmente quando se tratar de algo perigoso. Como resposta, receberá mais agressões, pois vivenciará mais as frustrações do cotidiano da criança.  E se for um  pai altamente presente e ativo no cotidiano da criança, provavelmente ocorrerá o mesmo. Aquele que estiver mais próximo no cotidiano, vivenciará  com maior intensidade a busca da insubordinação da criança. É o processo de convivência constante que gera um maior número de ocasiões e experiências com seu filho, desde gracinhas e beijinhos até as birras e caretas.

Então, se existe em casa uma ideia de que quando o pai fala “não”  a criança acata prontamente, e quando a mãe fala “não” a funcionalidade é menor, pode-se imaginar que ele esteja sendo firme o suficiente para não dar brecha para muita manha, e que provavelmente nunca voltou atrás na sua decisão.

Dica: se você, mãe ou pai, falar “não” dando algum limite ao seu bebê, morda o pé da mesa, mas não volte atrás. Assim também, evite tirar a autoridade do seu parceiro, ou de outro adulto que costume cuidar do bebê. Quando alguém falou não, é não. Caso haja conflito entre os adultos, é preciso conversar calmamente a respeito e revendo as decisões, certamente longe da criança!

Vale lembrar o que diz o texto sobre limites: criança que cresce com limites, cresce segura e sentindo-se amada!

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