E acabou a licença maternidade! Para onde com meu bebê?

Acabou a licença maternidade! Creche, casa da vovó… como escolher?¹

 

Essa é uma dúvida natural e recorrente em pais de bebês pequeninos, que vai apertando os corações mais amanteigados, conforme vai acabando a licença maternidade. É quando vem a pergunta sobre a adequação de deixar o bebê de 6 meses, entre outras possibilidades, com uma avó querida ou numa creche.

 

Hoje em dia, com pai e mãe trabalhando fora, é um pouco complicado falar em melhor idade para tirar o bebê do aconchego de casa e deixá-lo num espaço coletivo.  Muitas vezes, ocorre que a própria situação profissional e financeira do casal, acaba por definir algumas decisões quanto aos cuidados do bebê. De qualquer modo, um olhar neutro, pode ajudar a eliminar algumas dúvidas, diminuindo a “dor do conflito” que mãe e pai estão sentindo, levando para uma escolha adequada ao momento. Então, vamos a algumas sugestões…

 

1 – Bate-papo do Casal

Nada como uma boa e franca conversa entre parceiros e companheiros, pai e mãe do bebê. Comecem puxando pela memória o ideal que imaginaram para chegada do bebê, e considerem a realidade, o que aconteceu, o que mudou, e como estão as coisas hoje. E assim, diante do real, reflitam sobre como se aproximar do ideal:

“O seu sonho, inserido na sua realidade atual, será o melhor presente nesse momento.”

 

2 – Lista Realista Opções

Façam uma lista de prós e contras para as opções existentes, como deixar EM CASA COM A AVÓ, deixar NA CASA DA AVÓ, ou ainda deixar NA CRECHE.

 

É nessa lista que eu posso contribuir com algumas informações, lembrado que estamos buscando o melhor equilíbrio entre o ideal e o real da família.

 

  • Grandes estudiosos do desenvolvimento infantil sugerem 2 anos como uma boa idade para a criança sair de perto da mãe e ir para uma creche. Isso não significa que ela não vá se beneficiar do contato com outras crianças, caso vá para lá antes disso. Mas a verdade (biológica) é que o bebê, até 2 anos, está trabalhando muito no seu autoconhecimento, e muito centrado na descoberta de si mesmo, do seu corpinho, do seus sentidos, do desenvolvimento motor, bem como na compreensão desse novo mundo à sua volta, tão rico em estímulos e ocorrências. Para isso, a segurança estabelecida na relação com a mãe contribui muito para um desenvolvimento bom, sadio e agradável para o bebê.

 

  • Emocionalmente, o bebê de poucos meses está tentando compreender – aprendendo e construindo – suas relações parentais, inicialmente, principalmente com mãe, como já mencionei, e com o pai. Em seguida, vêm relações com outras pessoas muito presentes no cotidiano, como avós ou babás, cuidadoras.

 

 

  • O laço afetivo mais importante, após o da mãe, é com o pai. O bebê vai se frustrando (naturalmente) com a mãe, que aos poucos ele percebe que não é totalmente disponível e não dá o peito ou a mamadeira sempre que ele deseja, o que é adequado. Desse modo, ele vai buscar acolhimento em outro colo, e será ótimo que esse colo seja do pai. A mãe ajuda a criar esse espaço para a relação entre pai e filho. Assim, o bebê procurará e descobrirá um novo tipo de contato, outra forma de se relacionar, de se aconchegar e desenvolverá um novo amor. É importante que o pai tenha essa chance e faça uso dessa porta de entrada na vida do seu filho!

 

  • Uma avó querida costuma entrar na sequencia, dentro de um contexto como esse.

Avós e avôs cumprem um papel afetivo muito especial na vida de uma criança. No entanto, vale lembrar que, por mais queridos e envolvidos que sejam com o netinho, sua relação não substitui a dos pais. Quando isso é claro para todos, fica mais fácil para os pais colocarem os limites que esperam que sejam seguidos com o seu filho, assim como poderá haver espaço para os avós darem algumas orientações e sugestões, baseadas na sua experiência.

Para os pais vamos considerar algumas características desses avós, nesse momento em que estamos pensando em contar com o apoio deles, como saúde e vigor físicos; e estado emocional e humor.

 

  • Cuidadoras, sejam dentro de casa ou na creche, certamente criarão vínculos com a criança, com carinho, cuidados e limites. Sempre no papel e na função de cuidador e não de substituto maternal.

 

  • No aspecto do desenvolvimento sensório-motor a partir dessa fase, imaginando uns 6 meses, até os dois anos, o bebê precisará cada vez mais de espaço – para virar seu corpo, arrastar-se, engatinhar até andar –  e de estímulos variados –  visuais, auditivos, gustativos, olfativos, táteis, preferencialmente em lugares claros, arejados e razoavelmente organizados, e desse modo seguros.

 

  • Sobre a permanecer com uma avó querida:

Observe a qualidade da relação e da interação do bebê com a vovó, não só por parte da criança, como por parte da avó. Então faça algumas perguntas que poderão ajudar a entender quem é essa avó, nesse momento:

Ela está bem de saúde física e emocional? Ela é de bem com a vida? Não se importa de deixar de fazer suas coisas para cuidar do bebê? Está adaptada e feliz com a sua rotina junto a um bebê? Ela quer ficar com a criança todos os dias por tantas horas? Ela é alegre, animada, e vai estimular a bebê a engatinhar e andar pela casa, a brincar com vários tipos de brinquedos ou potinhos ou até panelas? Vai passear no parquinho, levar para tomar sol, sentar na caixa de areia? Ela conversa, canta, faz brincadeiras de rimas? Ela e o bebê se divertem juntos? Em contrapartida, ela consegue dar limites e dizer não ao bebê? Manter a rotina, como colocar para dormir na hora certa? Dar a quantidade certa de papinha e guloseimas?

 

  • Sobre a escolha da creche:

Com algumas adaptações, essas mesmas perguntas também poderão auxiliar na melhor escolha. Evite a opção por uma creche que seja um lugar muito fechado e escuro, de ambientes muito pequenos e espaços apertados, com divisórias de meia parede que propagam sons entre as salas, aparência de pouca organização, televisões ligadas todo o tempo, excesso de estímulos auditivos e visuais concomitantes, sem parquinho externo de céu aberto. Pergunte também sobre a formação das cuidadoras e educadoras, experiência e registro.

 

Espero que com essas informações orientem nas reflexões e tragam subsídios para a melhor escolha.

Algumas situações são delicadas e certas decisões são mais difíceis de serem tomadas.

Porém, pense que com bom senso e confiança, a sua escolha será a melhor!

Um abraço, Claudia

 

 

Comments

comments

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *